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  • Foto do escritorAdriana Borowski

Você vive essa situação?







Uma frase que aparece durante o tratamento de transtornos alimentares é “minha família não ajuda, não tenho apoio, como faço para lidar com isso?”


As pessoas que sofrem com bulimia, compulsão alimentar ou anorexia geralmente vêm de famílias disfuncionais em algum nível, seja por excesso do que muitas mães consideram “cuidado”, mas que na verdade pode ser uma relação extremamente intrusiva, com muita rigidez, cobranças e imposições ou pela falta... de cuidado, de afeto, de atenção, presença de qualidade, de organização da vida mesmo.


Quando essas pessoas chegam à terapia só querem parar de sofrer, pois normalmente estão exaustas de tanto tentar se encaixar nos padrões da própria família e não é fácil para elas entenderem porque esses relacionamentos são tão conturbados, porque essas mães e pais que deveriam ser simplesmente mães e pais, se tornam concorrentes, algozes, geradores de sofrimentos muitas vezes inimagináveis para quem olha a situação à uma certa distância.


Nesses casos em que a rede de apoio falha em compreender a gravidade do transtorno ou, pior ainda, em oferecer o suporte necessário, a falta de apoio pode tornar a jornada de recuperação ainda mais desafiadora e solitária.

Imagine uma pessoa lutando silenciosamente contra os demônios de um transtorno alimentar, cercada por entes queridos que simplesmente não conseguem entender a complexidade da situação. Para ela, cada refeição é uma batalha interna, uma luta entre a necessidade de nutrir o corpo e os gritos ensurdecedores da mente que clamam por controle e perfeição.


Os familiares, muitas vezes, podem não perceber os sinais sutis que indicam a presença de um transtorno alimentar. Talvez atribuam a perda de peso a uma dieta rigorosa ou a ganho de peso a uma fase passageira. Ignoram os comportamentos obsessivos em torno da comida e do exercício como simples excentricidades, sem entender a seriedade por trás deles.

E quando confrontados com a realidade do transtorno, alguns familiares podem até reagir com negação, minimizando a gravidade da situação ou até mesmo culpando a pessoa afetada. Eles podem oferecer conselhos bem-intencionados, mas inúteis, como "apenas coma mais" ou "pare de se preocupar tanto com seu peso". Essas palavras, longe de serem reconfortantes, podem aprofundar ainda mais a sensação de isolamento e incompreensão da pessoa que luta contra o transtorno.


Em muitos casos existe realmente a necessidade da ajuda dos familiares, principalmente de pré-adolescentes e adolescentes com problemas na relação com a comida, pois estes não têm autonomia e são dependentes dos pais.


E então... como se faz quando a família não colabora?


Sem o suporte emocional e prático da família, a jornada de recuperação pode parecer uma escalada íngreme e solitária. A pessoa afetada pode se sentir desamparada, desencorajada e até mesmo tentada a desistir, pois falta de compreensão e apoio pode alimentar os sentimentos de culpa e vergonha, tornando ainda mais difícil buscar ajuda profissional e no caso dos adolescentes talvez o trabalho se torne muito difícil ou até mesmo inviabilizado.


Mas para aqueles que se dispõem a passar pelo processo de recuperação, mesmo com pouco ou quase nenhum apoio, a terapia normalmente se revela empoderadora, proporciona o entendimento de como os relacionamentos caminharam para o que são, permitindo um novo olhar para a vida, o que gera a possibilidade de melhora na convivência ou a força necessária para o afastamento.


E quando alguns familiares além de não ajudar... atrapalham?!


Não é um fato incomum familiares com esse comportamento, que invalidam o sofrimento, os sentimentos e qualquer atitude ou iniciativa que promova a melhora do paciente, causando um atraso no processo de recuperação e ativando gatilhos que podem gerar recaídas aos comportamentos e pensamentos do transtorno alimentar.


Em situações assim é preciso avaliar a possibilidade de ter uma conversa muito franca com as pessoas que não estão colaborando, tendo muito cuidado para não transformar o que era uma situação difícil em outra praticamente insuportável. E a minha experiência permite dizer que é dessa forma que geralmente acaba.


Apesar dos desafios, é fundamental lembrar que a recuperação é possível mesmo sem o apoio imediato da família, existem recursos e comunidades de apoio onde a pessoa afetada pode encontrar compreensão, orientação e a solidariedade necessária para iniciar e sustentar o processo de recuperação.


É importante que as pessoas que enfrentam um transtorno alimentar saibam que não estão sozinhos e que merecem ajuda e apoio. A jornada de recuperação pode ser difícil e desafiadora, mas com o suporte certo, mesmo que pequeno, é possível superar os obstáculos e encontrar um caminho em direção à recuperação e à saúde emocional.


E se você está passando por esse tipo de situação, o que eu posso te dizer é:

— Se concentre no seu tratamento e recuperação!! Com o passar do tempo e as descobertas do processo a melhor forma de resolver essas questões será encontrada e você vai ficar bem!



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